JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE:
"Acharam
que eu estava derrotado, quem achou estava errado, eu voltei ..." Esse é um
trecho da música do extinto 509E e cabe perfeitamente na resposta da igreja
católica ao mundo. Isso foi possível devido a vinda do Papa Francisco para a
Jornada Mundial da Juventude realizada no Rio, que conseguiu reunir 3 milhões
de peregrinos batendo o recorde histórico da cidade.
Muito se fala no crescimento das igrejas
evangélicas e de fato isso ocorre. O maior país católico do mundo está com os
dias contados para se transformar em um país de maioria protestante como os EUA
e acredito que isso foi um dos motivos para o alto clero do Vaticano
escolher a cidade "símbolo" do Brasil para sediar a JMJ, atraindo
assim fies de todo o mundo. A igreja católica reaparece no cenário brasileiro
como instituição viva, demostrando seu poder através da mobilidade social dos
jovens que em um futuro próximo estarão guiando a sociedade em que está
inserida. Com isso ela nos esclarece que ainda está ligada no rumo religioso
que o mundo está caminhando e, dentro de seus limites burocráticos e
tradicionais ainda consegue interferir no leme para que o vento sopre a seu
favor.
PARALELO: JMJ x CRUZADAS
Criada por João Paulo II em 1984, a JMJ tem
por objetivo alcançar novas gerações de católicos e expandir sua doutrina
(peculiar do cristianismo), além de criar links entre os povos e suas culturas.
Já as cruzadas, os livros didáticos dizem que foram organizadas em principio
pelo Papa Urbano II em 1095, e tinham por objetivo tomar a Palestina dos
turcos para que os cristãos voltassem a peregrinar em Jerusalém,
considerada sua Terra Santa. Mas na verdade, Urbano II encontrou nisso
um pretexto histórico para a invasão do Oriente conciliando com uma resposta a
expansão muçulmana no mundo e sua agressão a Constantinopla. Além disso, várias
terras conquistadas serviriam para acalmar os ânimos das vítimas da
primogenitura na Europa.
Sabemos que as cruzadas foram tanto religiosas/ideológicas quanto políticas
e tiveram integrantes variados conforme a cruzada, eles iam de camponeses a
nobres e até Reis, e independente disso, não podemos esquecer que os cavaleiros
passavam a espada em mulheres e crianças quando entravam nas cidades,
totalmente diferente dos peregrinos de hoje com cara de virgem. Mas o importante é entendermos que dentro de seu contexto, a igreja do Papa João Paulo II como a
de Urbano, pensavam em alguma forma de expansão, pois são momentos parecidos em
que a instituição vê ameaçada sua 'hegemonia" e corre o risco de ser
superada.
A igreja para se manter atuante no cenário mundial necessita mais do que tem feito para pôr fim no êxodo de seus fies de
cada dia, na verdade precisa pensar em uma reformatação, podendo começar com o celibato opcional, ou a diminuição dos rituais
cansativos da missa e transformá-la em algo mais dinâmico e adaptado ao modelo
de vida atual. Vou mais longe, e me pergunto se as freiras poderiam rezar uma
missa tendo em vista a ascensão (ainda que pouco) da mulher na sociedade: temos até uma "presidenta".
Fica claro a necessidade de uma
mudança estrutural como foi feito no século XVI, durante a
contra reforma ou reforma católica, como preferir; que de certa forma foi eficaz e trouxe mudanças
significativas. Mas hoje a igreja católica precisa de uma guinada para um outro
rumo, moderno e liberal, uma vez que é uma instituição que traz em seu nome
o lema universal e ainda mantem enraizada a cultura semita com uma grande pitada indo-europeia, coisa rara hoje em dia. E seu fim pode representar a volta das ilhas culturais que existiam antes das navegações. Seria o fim de uma Era?
Leo Manza