No quesito etimologia, observamos que a
palavra religião vem de religionem (latin), mas não se sabe ao
certo a relação com outros vocábulos. Porem, antes do cristianismo, religionem referia-se a um estilo de
comportamento mais rígido e preciso. Esse significado se encaixa com a ideia
atual, pois na mentalidade contemporânea (inclusive no ocidente), a
religião virou o molde do comportamento, delimitando a noção de certo e errado
para o individuo. Alguns seguidores modificam totalmente suas atitudes
para se enquadrar na doutrina de suas seitas (principalmente as de origem semitas),
tanto para supostos benefícios em vida quanto para uma recompensa post mortem em um mundo metafísico.
Segundo Freud em “O Futuro de uma Ilusão”, ele apresenta um estudo em que a religião é subproduto da Civilização, decorrente do desamparo do ser humano diante das forças da Natureza. Analisando amplamente nossa história, podemos ver que desde os primórdios a humanidade sempre esteve envolvida na incansável luta pela
sobrevivência, e na ânsia nunca satisfeita do TER, PODER E PRAZER, e nunca tivemos tempo, interesse ou maturidade para elaborar assuntos complexos sobre universo, religião,etc. Somando-se ao limite da capacidade cognitiva, que ainda não chegou a ponto de compreender alguns fenômenos naturais e com poucas pessoas buscando um entendimento racional sobre o assunto, sobram perguntas sem respostas. Mas como já dizia Sócrates... "só sei que nada sei", vamos continuar por um bom tempo inaptos a compreender o funcionamento das coisas.
Devido a estas interrogações sem respostas, o ser humano sente-se inseguro com os "mistérios da
vida" e necessita “seguir” algo ou alguém, em um contexto
sobrenatural no qual ele fantasia certos acontecimentos, como a criação do
mundo, do homem, de como vai ser o fim de tudo, etc. Um exemplo claro disso foi o caso da chegada do espanhol Cortéz a Tenochtitlán, que chegou montado em um cavalo, animal até então desconhecido pelos Astecas, que
ficaram impressionados com a cena e com isso ele foi confundido com o esperado "Deus Quetzacoatl". É ai que
entra a religião, no vácuo do conhecimento se cria correntes coletivas de
teorias sobre essas dúvidas, criam-se os mitos que geralmente se desenvolvem de
acordo com alguns fatores, como o meio em que se vive, a localização geográfica, o
clima. Tudo isso pode influenciar no modo de ver o mundo e de como
interagir com esses fenômenos naturais a sua volta, sendo esses fatores
influenciadores diretos do comportamento de um povo e consequentemente de sua
"religião".
Isso tudo nos mostra que o conceito de "RELIGIÃO"
parte de nós, somos nós que criamos algo para explicar o que não conhecemos ou
entendemos sobre o mundo, e esse entendimento é muito relativo, pois pessoas
vêem as coisas de formas diferentes. Como já dizia um discípulo de Sócrates, Xenofonte: “os egípcios dizem que os deuses têm nariz chato e são negros, os trácios, que eles têm olhos verdes e cabelos ruivos” (Xenófanes de Colofão, 1973, p.70), um exemplo mais próximo pode ser de um grupo ribeirinho que atribui às curas e milagres da localidade as água do rio ou ameríndios que acreditam que as onças da região são espíritos de seus antepassados.
De acordo com Jonh Lucke existem duas formas de vermos as
coisas, a primeira ele chama de qualidades
primárias, no qual a substancia analisada se apresenta
com características próprias como a medida de um sapato, o peso
de uma madeira,etc. Já a segunda é chamada por ele de qualidades secundárias, nesse caso cada indivíduo analisa de forma peculiar, como por exemplo o sabor
de uma fruta pode ser doce pra uns e amargo pra outros, o odor de um chá, ou um
tipo de comida pode ser interpretado diferentemente de acordo com a pessoa. Partindo
desse princípio concluímos que a religião se enquadra melhor na "qualidade
secundaria", pois sua interpretação é individual, e acho que a
resposta certa para o tema exposto, é que religião é algo cultural, é um
entendimento de cada um sobre algo metafísico, e temos que respeitar a religião de cada um !
Leo Manza